Todo e qualquer fenômeno parapsicológico depende da psicologia e mesmo da fisiologiado vivo. Agora aludo a alguns aspectos muito significativos dessa dependência, concretamente nos fenômenos de efeitos físicos (parafísicos).
PSICANÁLISE DAS ASSOMBRAÇÕES
Inibição ou pelo contrário a confiança
É típico. As exceções são raríssimas e têm motivos especiais.
Sir William Fletcher Barret
Por exemplo Sir William Barret fazia constar que a primeira vez em que entrou na casa“mal assombrada” (poltergeist) pararam instantaneamente as pancadas (tiptologia) nas paredes, nos móveis, em todas as direções. Pararam os movimentos “espontâneos”(telecinesias). Pararam os casos como o de uma grossa pedra que caíra sobre a cama, após atravessar o teto (aporte).
Nos poltergeister é típico o aporte de objetos atravessando as paredes
Tudo ficou na mais perfeita paz. Mas logo que Sir William Barret saiu, os fenômenos voltaram com fúria concentrada. O mesmo aconteceu na segunda visita. Pouco a pouco, a presença ou ausência de Sir William Barret foram fazendo-se cada vez menos significativas. A psíquica acostumara-se a tais visitas e estas assim perderam importância.
Fachada do prédio da SPRem Londres SPR Biblioteca
Que a presença do celebérrimo fundador da “SPR” (Society for Psychic Researcht) de Londres inibisse aquela jovem de 20 anos, física e psiquicamente retardada, depsicologia insegura, tímida…, é perfeitamente compreensível. Mas os espíritos dos mortos também se assustariam? Variaria o tipo de perispírito da jovem? As alegadas dificuldades que os sequazes do espiritismo apresentam, além de pressupor o que deveriam demonstrar, soam a manifesto subterfúgio. Seria até contradição. Portanto, quem dirige(telebulia) a telergia é o psiquismo do vivo.
Robert Tocquet no seu laboratório da “Faculdade Lavoisier”
Igualmente: Referindo-se ao ambiente desestimulante ou animador que rodeia o psíquico(nome dado à pessoa que manifesta fenômenos parapsicológicos), Robert Tocquet, com grande experiência e conhecimento, escrevia:
“É certo que nos círculos (…) espíritas ou semelhantes, as faculdades parapsicológicasindividuais, latentes ou embrionárias, serão catalisadas e reforçadas pela vontade, desejos e crenças dos assistentes: assim, não é raro vê-las manifestar-se no começo timidamente para ampliar-se logo”.
“Em contrapartida, os metapsíquicos (assim chamados os primeiros especialistas) e osparapsicólogos (os especialistas modernos)(…) com sua atitude neutra, ou inclusive hostil com relação às crenças espiritóides que incontestavelmente são incitadoras dos fenômenos, não são aptos a criar o ambiente à eclosão e ao desenvolvimento das faculdadesparapsicológicas (…) Assim, quando os médiuns saem das mãos dos espíritas para cair nas dos anti-espíritas, vêem suas faculdades debilitarem-se, às vezes inclusive desaparecem definitivamente (…)”Tudo isso significa que o elemento emotivo desempenha um papel essencial nos fenômenos parafísicos da mediunidade e que suprimi-lo pode implicar suprimir os fenômenos (…)”
“Isto é difícil de admitir se aplicado à explicação espírita, mas é lógico e natural admitindo-se a explicação parapsicológica” (dos vivos).
Igualmente o sentimento religioso
Evidentemente, se fosse o demônio ou mau espírito… gostaria dessa violência contra o “possesso” nos exorcismos dos pastores evangélicos, não fugiria dessa violência
Também típico: mesmo sem violência, os rituais de Exorcismos ou bênçãos docristianismo, os defumações da umbanda, o doutrinamento do kardecismo, etc., todos fracassam, ou todos têm êxito. “A gosto do consumidor”: depende da mentalidade dopsíquico causador dos fenômenos.
No caso antes citado estudado por Sir William Barret, tudo terminou com a recitação deexorcismos pelo pastor anglicano, porque a jovem e sua família tinham profunda convicção da religião anglicana.
Definitivamente: tanto o êxito como o fracasso dos exorcismos, defumadores etc. são contra a interpretação espírita.
Na realidade, para “desassombrar” a casa basta afastar a mais de 50m. o psíquicoresponsável. (porque o alcance da exteriorização da energia física do psíquico vai diminuindo com a distância).
E só uma adequada terapia tem verdadeiro e duradouro êxito no psíquico (sempre é doentia a manifestação habitual e mesmo a esporádica de qualquer fenômenoparapsicológico).
Não são, pois, os espíritos ou os demônios etc., mas o inconsciente do vivo que dirige atelergia (a energia exteriorizada invisível) ou o ectoplasma (a energia exteriorizada visível) executoras de todos os fenômenos parafísicos.
E em geral toda emoção
Compreende-se perfeitamente que a emoção psicológica, mil fatores ambientais, influi a favor ou contra, no clímax necessário para a exteriorização de um fenômenoparapsicológico, destacadamente os fenômenos parafísicos.
Dr. Albert Freiherr von Schrenck-Notzing
De sua grande experiência o Dr. Schrenck-Notzing tirava esta conclusão: “Resumindo tudo, deduzo que a conexão entre o clima psicológico do círculo e o desempenho do médiumnão encerra dúvida. E afirmo, pelo contrário, que se torna suspeito o médium que para a manifestação energética não dependa do ambiente nem da mentalidade das pessoas presentes. Tratando-se realmente de fenômenos metapsíquicos, para realizar um fenômeno verdadeiro e positivo é necessário que exista uma relação psicológica harmoniosa e benévola entre o médium e os participantes. Mais, os fenômenos metapsíquicos não dependem só da vontade do médium e dos participantes, é necessária também a emoção”.
Os irmãos Willy (esquerda) e Rudy Schneider entre pesquisadores
Os fenômenos dependiam do som ritmado musical e do suave contato de uma mulher, no caso do médium Willy Schneider.
Dr. Eugène Osty
E a luz exercia muita influência em seu irmão Rudy Schneider. Nas 90 sessões dirigidas pelo muito prestigiado parapsicólogo Dr. Eugéne Osty, no “Instituto Metapsíquico Internacional” (“IMI”) de Paris, comprovou-se que as manifestações eram mais notáveis na escuridão absoluta. Mesmo com luz vermelha, ultravioleta ou infravermelha o fenômeno era inversamente proporcional à intensidade da luz. O motivo era um só: Rudi Schneiderestava imbuído de preconceitos, sem fundamento, ocultistas e espíritas (“espíritos das trevas” e não “anjos de luz” no sincretismo espírita-cristão).
Muitos livros de ocultismo e espiritismo exigem plena castidade antes e durante a produção dos fenômenos. Pelo contrário, Eusápia Paladino conseguia melhores resultados quando previamente ficara bem satisfeita sexualmente. E com Willy Schneideros melhores fenômenos eram concomitantes à ejaculação seminal. Nos esposos Ambrosee Olga Worral com o casamento ele entrou em declínio, mas ela continuou e até cresceu na agressividade dos fenômenos. Nos satanistas de hoje, como nas bruxas de antanho, exigem-se orgias sexuais.
Eusápia Paladino levitando uma mesa entre controladores
Nesse contexto, certamente todos os que conhecem a biografia dela estarão lembrando a maior de todas as médiuns de fenômenos parafísicos: Eusápia Paladino. Durante quase toda a sua vida, excetuando os últimos anos, deu freqüentes mostras de histeria com fatores componentes precisamente eróticos, e seus primeiros fenômenos parafísicossurgiram ao redor da chegada da menstruação quando tinha quase 15 anos.
Claramente fatores incentivantes o inibitórios para o psiquismo do vivo, completamente irrelevantes para o espírito dos mortos. Portanto a direção (psicobulia) é do inconscientedo vivo .
Condicionamento e especialização
Entre os milhões de espíritos de mortos que nos estariam rodeando (segundo afirmam os“mestres” do espiritismo), seria facílimo encontrar muitos médiuns agindo simultaneamente cada um num fenômeno parafísico. Raramente, porém, coincidem nem sequer dois psíquicos ao mesmo tempo realizando algum fenômeno de efeito físico.
Reconhecido inclusive pela Micro-Parapsicologia de laboratório (a escola norte-americana).
Joseph Banks Rhine numa experiência com a queda de dados
O fundador da Micro-Parapsicologia, Dr. Rhine, observa: “Quando uma pessoa participou de experiências (de influxo sobre dados rolando) onde se pretendia alcançar números altos, se passar à experiência de números baixos, parece haver uma clara tendência a conseguir soma sete, que é de números intermediários. Isto apareceu em muitas experiências, e parece umefeito certo: o deslocamento para combinações mentais”.
Isso prova que os fenômenos parafísicos procedem inteiramente do vivo, não só atelergia ou ectoplasma, senão também a vontade diretora (psicobulia).
O papel da imaginação
Eva Carriére numa das suas típicas experiências
O papel de jornais. Truques inconscientes ou reais fenômenos parapsicológicos, o certo é que as figuras que Eva Carriére produzia nas experiências dirigidas pelo Dr. Albert Freiherr von Schrenck-Notzing e Sra. Juliette Alexandre Bissson, correspondiam às imagens que Eva Carriére tinha no seu inconsciente. Os rostos ectoplasmáticos nada tinham de espíritas. Eram claramente reproduções das ilustrações dos jornais.
Por exemplo, numa sessão em novembro reproduz a fotografia que o jornal “Le Miroir”publicara dez dias antes. Em sessão de 21 de abril reproduz a fotografia que aparecera em 6 de março. Esse mesmo rosto já aparece um tanto desfigurado na sessão de 2 de maio. Ia-se apagando da memória de Eva Carriére, que, mesmo assim, conserva as características mais destacáveis e que por isso mais se lhe gravaram na memória: gravata, verrugas…
Também desfigurada a figura da Gioconda… Mas evidentemente tenta reproduzir as fotografias publicadas então em todos os jornais, quando o genial quadro de Leonardo da Vinci acabava de ser roubado do “Museu do Louvre”.
Sra. Juliette Alexandre Bisson
O próprio tipo de ectoplasma que Eva Carriére emitia era uma imitação da argila pastosa utilizada por sua pesquisadora, Sra. Juliette A. Bisson, estatuária, nos seus trabalhos artísticos.
A médium Linda Gazzera numa das suas exibições
Chamo Linda Gazzera “passarela das ‘misseis’ do além”. Eram muito bonitas as figuras que ela plasmava (ecto-colo-plasmia. “Colon” significa “cortado, truncado”, diferente defantasmogênese, que é de objeto ou corpo inteiros). Mas também nada tinham a ver com o “além”. A beleza das criações de Gazzera correspondia ao seu gosto pelas obras de arte e à sua esmerada educação estética. Linda Gazzera era uma excelente pintora.
Dr. Charles Richet
Numa sessão controlada pelo Dr. Richet, Premio Nobel em Fisiologia e um notável pioneiro da Parapsicologia (que em então era chamada Metapsíquica), foi plasmada porLinda Gazzera uma preciosa cabeça de anjo.
Claro, não se referia a nenhum espírito de morto (nem a nenhum anjo, que nem têm nem tiveram corpo).
Detalhe do quadro “Martírio de São Livino”, de Rubens
Rubens em auto desenho
O que Linda Gazzera habia plasmado era imitação de um quadro de Petrus PaulusRubens que poucos dias vira com manifestas mostras de admiração.
Daniel Dunglas Home num dos seus numerosos fenômenos
Sobre Home (o mais famoso dos se-dizentes médiuns) apareceu uma cabeça de um“espírito materializado”, com moldura e tudo, num lenço de renda.
Adah Menken
Não sei se essa cabeça se parecia com a da poetisa Adah Menken quando viva. Mas certamente diferente quando morta, que Dunglas Home dizia estar incorporando (dizia “para impressionar”, palavras textuais quando anos depois afirmará que nunca acreditou no espiritismo), mas era certamente a reprodução exata de uma vinheta que estava no frontispício de um livro da poetisa.
Não se pode excluir certo pequeno influxo das faculdades de adivinhação. Mas é sumamente significativo o fato, comprovado, de que os teleplastas nunca reproduziram com exatidão a aparência de alguma pessoa ou algum outro objeto qualquer que lhes fossem normalmente plenamente desconhecidos.
Cesare Lombroso
Quando Lombroso reconheceu sua falecida mãe num dos raros fantasmas completos reproduzidos por Eusápia Paladino, foi por dois ou três traços característicos, mais do que pela perfeição da imitação.
Quando, porém, alguém reproduz o fantasma da própria mãe ou de outra pessoa muito conhecida, ou mesmo de um animal ou coisa antes freqüentemente observados, ofantasma pode ser de uma semelhança quase perfeita. Evidente prova da origem na imaginação e memória do vivo (ideoplasmia = idéia plasmada). Evidentes provas de que tudo é provocado pelos vivos, nada tendo a ver com a imaginação dos espíritos dos mortos.
Experiência com Katheleen Goligher
De que estaria cheia a imaginação de Katheleen Goligher, sempre em convívio com o Dr. William Jackson Crawford, entusiasta professor de mecânica na Universidade de Belfast (Irlanda do Norte). E como é evidente, as ectoplasmias do grupo Goligher em nada se pareciam às ectoplasmias modeladas por Eva Carriére ou Linda Gazzera. Com Golighertudo eram hastes, alavancas… Não é a “mecânica do além”, é imitação da mecânica do aquém.
A Psicopatologia
“Vá embora, homem”. Numa casa em Rio Negro (Buenos Aires, Argentina). Quando a família voltou à casa, que ficara vazia naquela tarde, viram que umas penas de pavão, adorno num vaso sobre um aparador, estavam queimadas, e sobre a parede havia marcas de fogo.
Não deram muita importância ao fato, por isso não se pode precisar a data exata. Só sabemos que foi em 1974. Esquecê-lo-iam plenamente, se não se repetisse de modo bem mais grave a 17 de setembro. Voltavam também da rua, estiveram ausentes da casa durante três horas. Ao abrir a porta, veem tudo cheio de fumaça. A fumaça provinha do dormitório. O dono da casa correu para lá, encontrou fogo. Jogou um balde de água… Mas a fumaça era tanta que depois não encontrou a porta de saída do dormitório. Teve de quebrar os vidros da janela, quase asfixiado.
Entraram todos. O roupeiro continuava ardendo. Apagaram o fogo… E perceberam com grande surpresa que o fogo atingira e consumira só a parte do armário correspondente ao dono da casa, em nada atingindo as roupas e a parte do mesmo armário que correspondiam à esposa e ao bebê.
“Nossa mãe vivia com eles três. O susto e o desgosto foram tanto que certamente foi este o motivo da morte dela, que sofria do coração”.
A família recorreu ao CLAP à procura de explicação. E não de solução. Nada havia que solucionar, pois os fatos haviam acontecido e terminado um ano antes. Para explicação, oCLAP remeteu suas publicações sobre pirogênese.
Por haver já terminado a pirogênese não era necessário, nem conveniente, dizer-lhes quem fora a psíquica que emitira a telergia. Para o leitor fica alguma dúvida? Foi a sogra que trouxera as penas de pavão; e morreu de desgosto pelos fatos… O marido perdeu toda sua roupa, inclusive vários documentos. Nada perdeu a esposa nem seu querido bebê.
O leitor também compreende que apesar de não haver ficado ninguém na casa, o fenômeno nas penas de pavão surge quando estão saindo. O fogo no guarda-roupa quando estão chegando. Como sempre a menos de 50m de distância… da esposa! Opsiquismo assim manifestava seu desejo: “Vá embora, homem”
A pirogênese, entre os fenômenos parafísicos, é um dos mais freqüentes, e por isso mesmo, um dos melhor comprovados. No caso da foto anterior, a pesquisa durou mais de um mês, dia e noite, comprovando-se por numerosas testemunhas toda classe de fogaréus perto dessas duas jovenzinhas. E na longa pesquisa participaram amplamente (foto, a partir da esquerda) nada menos que Robert Amadou, um os melhoresparapsicólogos modernos, por policiais, por um detetive. E apesar da oposição de Robert Amadou (que também é sacerdote), por ordem do bispo administraram os exorcismos….
E precisamente no meio dos exorcismos, pela ação inconsciente das jovens psíquicas surgiu outro fogaréu.
Ciúmes demais, espíritos de menos!
San Salvador (El Salvador), abril de 1978. O irmão Cecílio, marista, intrigado e alarmado recorre ao parapsicólogo Oscar López Guerra, colaborador e seguidor da “escolaclapiana“. Era um caso de pirogênese:
O dono da casa, Dr. Ernesto Lima, homem culto, advogado, está desesperado. Além de algumas telecinesias, o pior é que sucessiva, persistentemente, todos os nove colchões da casa foram sendo irreparavelmente danificados por fogos espontâneos (pirogênese).“É um fogo esquisito. Ardem os colchões, e os lençóis não se queimam”
Fracassam os espíritas. Fracassam os exorcismos de dois pastores protestantes e de um padre católico. E surgem labaredas das paredes de tijolos e cal, das lajes do chão…, deixando feias manchas negras. O fogo atingiu também vários móveis, e destroçou quase toda a roupa da família.
Outros móveis foram estragados pelos próprios moradores com água benta, incenso, cruzes com cinzas, até no aparelho de som de alta fidelidade! além das “inundações” para apagar as ameaças de incêndio.
Jornalistas e curiosos, com as freqüentes visitas, aumentam o desespero da família, menos de Eva Emérita Galindo, recém-chegada de Nova Iorque, ex-esposa do dono da casa…
O Dr. Oscar López Guerra, já na primeira visita, localiza o que chamavam “espíritos edemônios“: são os ciúmes de Eva Emérita.
Parecia que superara o ressentimento de que a melhor amiga lhe “tivesse roubado o marido”. Parecia que superara o desquite. Parecia que superara o novo casamento do ex-esposo com uma jovem que ela empregara… Até que vindo de Nova Iorque para visitar seus filhos, perante a ex-empregada que divide “minha cama” com “meu ex-esposo”, explode no ressentimento acumulado durante quase 30 anos… E o primeiro a arder foi o colchão da cama do casal…
“Há meses que tudo está em paz”. Explicada a causa, e com uma breve terapia pelo Dr. Oscar López Guerra, os pretendidos “espíritos e demônios“ se tranqüilizaram?
Tensão nervosa
Atribuir as doenças nervosas a encostos de espíritos maus, é tão absurdo quanto atribuir aos espíritos preferência pelos neuróticos.
Teresa Costa, da Calábria (Itália), era uma jovem senhora, igual a tantas outras. Casada, mãe de dois filhos… Mas as causas do seu sofrimento não eram tão comuns: sozinha, muitas dificuldades, o marido havia tempo emigrara para Saint Jean de Maurianne, na Alta Sabóia (França). Em fevereiro de 1955, ela decidiu seguir com os filhos atrás do marido… Sem essas circunstâncias talvez seus nervos nunca tivessem explodido, mas com a incerteza, angústia e o desengano, Teresa Costa, logo que chegou a Saint Jean de Maurianne, começou a sentir-se mal, caía em delírios cada vez mais freqüentes, e mais adiante perdia a consciência até completamente. Por fim, à perda de consciência se acrescentaram múltiplas telecinesias: os pequenos objetos da casa espalhavam-se aqui e lá, toalhas e guardanapos flutuavam no ar como bandeirolas… Tudo acompanhado com violentíssimas tiptologias nas paredes.
Primeiro foi a curiosidade dos vizinhos. Depois, por toda a cidadezinha, “Bruxa!, Bruxa!”,gritavam ao vê-la as crianças e certas “comadres”. Teresa Costa, com os filhos, teve de refugiar-se na vizinha Saint Julien. Mas as descargas parapsicológicas acompanharam a doente.
E os insultos e certa perseguição… O padre católico foi o primeiro a se interessar pelo caso, inutilmente. Depois o médico, também em vão. Em seguida, multidão de jornalistas de toda parte. O padre declarou que vira, junto com outras pessoas, “um bule voador”fazendo complicadas circunvoluções antes de derramar do alto seu conteúdo.
Quando o jornalista inglês Freddy Russel pretendeu aproximar-se, todos os presentes viram uma caçarola “com ar de pesada brincadeira” voar para golpeá-lo suavemente na fronte. Entre gargalhadas interpretaram o fato como protesto contra o assédio do jornalista.
A conclusão de todos os vizinhos era que a “bruxa” deveria sair também de Saint Julien. Mas parapsicólogos e médicos esclarecidos a internaram no hospital com o diagnóstico de doença nervosa passageira acompanhada de fenômenos parapsicológicos…
É plenamente aceitável e característico que a tensão nervosa estoure descarregando-se nas telecinesias e tiptologias. Também num adulto. Mas inaceitável, absurdo, que os espíritos dos mortos estejam à espreita do paroxismo nervoso para descarregar a própria raiva…!
Os especialistas confirmam
Dr. Frederich W. H. Myers
Já nos inícios da metapsíquica, Frederic Myers alertava e comentava o conceito depsicorragia. Não só os fantasmas, mas todos os fenômenos parafísicos são, em analogia com a hemorragia, escapes doentios da tensão psíquica.
Hemorragia e psicorragia podem ter seus efeitos benéficos. Na hemorragia, por exemplo para combater a infecção. Na psicorragia para descarregar a tensão interna. Mas certamente são sintomas de desagregação doentia: ruptura de tecidos na hemorragia, ruptura da síntese psicológica na psicorragia. Ambas, é claro, podem ser mais ou menos graves. E certamente, não se devem fomentar…
Emile Tizané
Partindo de três casos concretos de fenômenos parafísicos, Tizané generaliza a todos os casos:
“Três diferentes acontecimentos separados no tempo e no espaço, três constatações idênticas: aqui um rapaz nervoso, não normal (…) Lá uma jovenzinha muito nervosa também (…) Acolá um menino, também muito nervoso“.
Por sua parte, outro grande estudioso e teórico. Pe. Giovanni Battista Alfano, em nome de todos os especialistas, prescindindo e contra a Micro-Parapsicologia da escola norte-americana, frisa que é sabido que os realizadores de fenômenos parafísicos genuínos encontram-se entre os adolescentes muitos mis frequentemente do que entre os adultos; é tipicamente feminino, raramente masculino; como também é característico dosneuropatas, não das pessoas normais.
Dr. Hans Bender estuda os aspectos psicológicos da parapsicologia, e muito acertadamente qualifica os fenômenos parafísicos como “descargas de tensões internas”.
Também o Dr. George Owen dedica um amplo e documentado capítulo, com o significativo título “Condições psiconeuróticas nos casos de poltergeist”, a provar que “o responsável por um poltergeist é uma pessoa viva, que, como consequência de algum trauma emocional, ou por uma perturbação mental, ou por algum acidente físico de que foi vítima, projeta incontestavelmente certa energia” (telergia ou ectoplasma).
E assim sempre
Enfim, em todos os casos em que foi feita análise a este respeito, os protagonistas de fenômenos de “poltergeist” são de personalidade dissociada ou portadores de longas repressões morais, de remorsos, de complexos de culpa e autopunição, de frustrações, ou estão imbuídos de anseio de vingança, mesmo inconscientemente. Os fenômenos são efeitos de rude agressividade contra determinadas pessoas ou contra todos e contra tudo. O parapsicólogo e psicanalista Emílio Servadio fala de “compressões psicológicas”.
Na velha casa de Ash Manor (Sussex, Inglaterra), ocorreu o famoso caso da família Keel.Tiptologias como passos, golpes ou murmúrios vagos, telecinesias de portas que se fechavam e abriam, ventos frios (um tipo de termogênese), fantasmogênese sob forma de um velho com rosto esverdeado e com um largo corte no pescoço.
Nandor Fodor curou uma jovenzinha que morava naquela casa. E assim curaram-se todos os fenômenos parapsicológicos. Eram descargas de problemas psicológicos, psicológicos eram os símbolos empregados, e a jovem foi curada pelas modernas técnicas psicoterapéuticas.
Sem nenhuma técnica, mas não menos eficientemente, curou-se o famoso “endemoninhado” do convento dos Padres Oratorianos:
O noviço Carlo Mário, de 19 anos, acordou por golpes (tiptologia) de grande barulho no chão, teto e paredes ocasionados por “sombras” (fantasmogênese) “horrendas”, e apavorado saiu do quarto pedindo socorro. Durante quase dois anos choviam pedras(aporte), quebravam-se móveis e as portas abriam-se e fechavam-se sozinhas(telecinesia). Em nada ajudaram os exorcismos, mas quando se decidiu despedir Carlo Mário do noviciado, o “endemoninhado” ficou em paz. Confessou então que não queria ser religioso e tinha escrúpulo de manifestá-lo.
O inconsciente encontrou o modo de conseguir seus objetivos sem remorsos de consciência.
Com a mesma simplicidade, num caso típico muito comentado pelos vizinhos, resolveram-se as telecinesias e tiptologias que tanto apavoravam, quando os pais decidiram não mais deixar a filha sozinha em casa…
Era medo que os desencarnados tinham quando ficavam sozinhos com a menina? Absurdo.
Matthew Manning
Um dos mais conhecidos “realizadores de prodígios” no mundo contemporâneo é o jovem Manning.
Ao chegar à adolescência, ele já “tinha experimentado mais fenômenos parapsicológicos do que a maioria das pessoas chega a conhecer, mesmo só por ouvir contar, ao longo de sua vida”, afirmou o parapsicólogo Peter Bender.
Especialmente as telecinesias destruidoras, vingativas, e pneumografias (ou, na nomenclatura dos espíritas, “escrita direta”) carregadas de insultos e ameaças.
O Dr.Karl Osis, diretor da “ASPR” (SPR americana), ficou alegremente admirado daparacinesia que havia ele mesmo controlado quando a realizava Matthew Manning.
O Dr. George Owen, grande autoridade em fenômenos parapsicológicos de efeitos físicos, segurando três talheres entortados em diferentes oportunidades por Matthew Manning. Nestes casos, que controlara muito bem, o Dr. Owen garante que não houve truque. Tratava-se mesmo de ridicularizar os truques do enganador Uri Geller.
E o Dr. Owen felicitou o diretor pela decisão de manter Manning no Colégio apesar dos grandes transtornos. Era necessário para equilibrar a psicologia do adolescente. E acrescenta o parapsicólogo: “Recomendo, com relação aos alunos, que trate de combater a idéia de que os acontecimentos têm alguma coisa de sobrenatural, como intervenção dedemônios ou espíritos de mortos, etc.”
O próprio Matthew Manning, refletindo sobre seus próprios fenômenos, problemas epsicologia, acabou por compreender: “Os rapazes em idade escolar costumam apegar-se a alguma moda (…) Uma das manias ou afeições que se apoderou dos meus colegas de aula, em fins de 1969, consistia em organizar supostas sessões espíritas, com minha presença, embora hoje eu reconheça que (tal interpretação) era uma solene tolice”.
Personificação do próprio “EU”
Os espíritos dos mortos não são os agentes ou diretores da telergia ou ectoplasma dos vivos nos fenômenos parafísicos. É o inconsciente dos próprios vivos. Mas precisamente por proceder do inconsciente, a personalidade oficial ou consciente não reconhece haver perdido a direção, daí a necessidade psicológica, primária, infantil, de atribuir a direção aos espíritos dos mortos (ou a outras entidades, em outros ambientes). Prosopopéia(máscara). O inconsciente geralmente se apresenta mascarado.
Mas também geralmente para as pessoas inteligentes é fácil e nem se precisa ser especialista, basta não estar fanatizado…, para perceber o inconsciente por baixo daprosopopéia.
Harry Boddington, fanático autor espírita muito prestigiado entre os espíritas ingleses, dedica quase um capítulo inteiro do seu livro a descrever os aportes realizados por uma menina de três anos. E esforça-se absurdamente em atribuí-los ao espírito que ela chamava Julia.
Desapareciam continuamente pequenos objetos. Os pais, intrigados, perguntaram à menina e esta sem se intimidar, respondeu que sua amiguinha Julia os havia levado.
Nada de extraordinário que uma criança de poucos anos tenha dupla personalidade e inclusive veja seus amigos imaginários (imagens eidéticas).
Os pais pediram: “É melhor que você diga a Julia que queremos tudo aquilo de volta”. E da mesma maneira que os objetos desapareceram, apareceram todos, um a um. Foi completamente inútil a estrita vigilância dos pais sobre a filhinha.
Mas a estranheza chegou ao máximo quando sumiu o pêndulo (pequeno) do relógio. Julia dizia que não podia devolvê-lo “agora”. E essa resposta foi sendo repetida por seis meses. De repente apareceu.
Uma criança de três anos como é que poderia tirar e repor o pêndulo do relógio no alto da parede? Nem mesmo os pais poderiam fazê-lo sem subir numa escada e sem alguma habilidade para alcançar o encaixe.
O pai, farmacêutico, tinha observado e dirigido a vigilância, e anotara meticulosamente o desaparecimento e reaparecimento de cada objeto.
Parecia-lhes impossível que fosse a menina. E como suspeitar de si mesmos?
Nenhuma outra pessoa freqüentava a casa, e certamente não naquelas ocasiões. Consultaram médicos, policiais… E o espírita Boddington se esforçou por convencer os pais, de que a menina era médium e vítima do espírito desencarnado de Julia.
Com bom senso, os pais não aceitaram a absurda interpretação espírita. Concluíram que fosse a menina “misteriosamente”, sem culpa e por isso sem castigo.
Julia seria “ainda tema mais misterioso”. Compreendiam que Julia era manifestamenteprosopopéia (máscara) das lógicas ambições da criança, raivosinha, vingativa e renitente à obediência. A menina predizia com exatidão os desaparecimentos e reaparecimentos.
Se conhecessem o aporte parapsicológico, tudo ficaria claro.
Na época da mediunidade
Das hoje abandonadas, mas na sua época pioneira pesquisa com médiuns espíritas ficou claro que as produções ectoplasmáticas respondem à psicologia do médium.
Eva Carriére
Assim como as ectoplasmias de Linda Gazzera correspondiam ao seu depurado gosto artístico, as de Eva Carriére correspondiam às revistas ilustradas, pelas quais sentia verdadeiro fascínio. Em contrapartida Eusápia Paladino se acreditava atormentada e via perfis de animais monstruosos. Prosopopéia que não podia faltar em sua fantasia traumatizada por haver visto seu pai morrer numa briga desapiedada.
Também monstros no traumatizado Klouski.
Em outras oportunidades, ao tratar o tema “Fenômenos parapsicológicos, Dom ou Doença?”, apresentarei abundantes exemplos das prosopopéias que correspondem ao angustiado e desequilibrado psiquismo dos causadores dos fenômenos parafísicos.
O próprio Jung se auto-analisa
Carl Gustav Jung, o grande psicanalista, auto-analisou-se quando experimentou, numa época angustiada de sua vida, profunda desagregação da síntese psicológica, quando parte do seu inconsciente se fazia independente e provocava notáveis fenômenosparafísicos.
À sua auto-análise dedica o livro “Memórias, Sonhos e Reflexões”.
A inteligência do inconsciente, muito superior à do consciente aparece-lhe sob a figura e símbolo do velho profeta bíblico Elias.
O erotismo é representado pela figura de Salomé (o nome da dançarina que encantou aHerodes no episódio evangélico). Uma “serpente negra” é a tendência ao erotismo. Etc.
Mas quero agora destacar certas cristalizações ou divisões do seu inconscienteparapsicológico, simbolizadas sob os nomes de “ánima” (“alma”, em latim) e de“Filemon” (nome de um dos colaboradores, o predileto, do apóstolo São Paulo).
A independência que estas partes inconscientes, “Filemon”e “anima”, chegaram a adquirir com respeito ao consciente, Jung a destaca com estas palavras:
“ ‘Filemon’ e outras figuras de minhas fantasias fizeram-me ver (ao consciente) algo fundamental: existem coisas no psiquismo (inconsciente) que eu (o consciente) não produzo. Produzem-se a si mesmas e têm vida própria. ‘Filemon’ representava uma força (doinconsciente), o ‘outro eu’, ‘secundus’ , que não era eu” (o consciente, “primus”).
“Nas minhas fantasias eu mantinha diálogos com ele, e ele disse coisas que eu não tinha pensado conscientemente. Claramente percebi que era ele que falava, e não eu. Ele afirmou que eu tratava os pensamentos como se fossem produzidos por mim, mas ele opinava que os pensamentos são como animais na floresta” (independentes, livres).
“Anima” é a figura feminina no homem e figura masculina na mulher. Simboliza a parte complementar da psicologia humana característica de cada sexo. Jung sintetiza assim os diálogos do seu “eu consciente“ com seu “outro eu”, “anima”, inconsciente e plenamente independente:
“Durante décadas, sempre me voltei para a ‘anima’ quando me sentia emocionalmente perturbado e quando percebia que algo tinha se cristalizado no inconsciente. Então eu perguntava à ‘anima’: ‘O que você está aprontando agora?’, ou ‘o que você está vendo?’ Após alguns minutos ela produzia uma imagem. Quando a imagem estava formada, desaparecia minha sensação de agitação ou de opressão. Toda a energia dessas emoções (surgidas doinconsciente) transformava-se em interesse e curiosidade (consciente) com respeito à imagem”.
Foram várias as manifestações parafísicas dirigidas por “anima” e “Filemon”, e tiveram um lógico desenvolvimento, do sonho interno à objetivação externa:
Primeiramente “Filemon” aparecia em sonhos. Estava num céu azul, mas coberto de levas de terra, ou torrões. Sua figura era de velho, mas com chifres de touro e com asas como as do martim-pescador, embora enormes com relação às do pequeno pássaro.
Mais adiante…, Jung estava desenhando a figura de Filemon, quando surgiu uma manifestação de HP (Subjugação Telepsíquica) ou duas: talvez uma fosse atrair, diríamos chamar, um martim -pescador, que são raros naquela área de Zurique. Outra, fulminar o passarinho que caiu morto no jardim.
Uma vez Jung estava cheio de tensões interiores… O lençol da cama de cada uma das suas filhas foi arrancado por mão invisível. A menina, um tanto surpreendida por não entender o que acontecera, recobriu-se com o lençol, que pela segunda vez foi puxado… Então é que a menina gritou. Sua irmã maior viu “anima”, como um fantasma branco, atravessando o quarto onde Jung estava.
É sabido que Jung se interessou muito por religião. Em uma tarde de domingo (precisamente de domingo, dia religioso), a campainha da porta começou a chamar insistentemente. A porta estava completamente aberta para o jardim vazio. Não havia ninguém fora… A casa encheu-se de fantasmas ou de “produtos de minhas fantasias” (como analisava Jung), que lhe gritavam: “estamos voltando de Jerusalém, não encontramos lá nada do que procuramos”.
Isto é, não é na Jerusalém atual onde Jung encontrará as respostas às suas perguntas religiosas…
Jung começou então a escrever, e como de hábito nestas oportunidades, seuinconsciente se acalmou e o consciente tomou de novo as rédeas da sua personalidade.
Em fim, e claro, como frisamos no começo a respeito do castelo de Edimburgo, as pessoas cultas ridicularizam e sabem tirar proveito da superstição popular. Assim após alto pagamento num parque de atrações, fachada do prédio onde os visitantes, uns se divertem, mas outros…
Outros ficam apavorados pelas reproduções da fenomenologia das “casas mal assombradas” (Poltergeister).
Trabalho incrível de pesquisa, meus agradecimentos por compartilhar tantos conhecimentos. Hoje com a internet, temos tudo para sair da “Idade das Trevas” mas é desanimador observar como ainda existe tanta superstição e fanatismo religioso.
Obrigada… Reze por nós! Abraços!