Manifestações Parapsicológicas…
Está muito bem documentado que uma adivinha (psíquica) teve uma precognição do divórcio e posterior exílio de Napoleão. Ora, se é possível adivinhar o futuro, por que surpreenderia que também possa adivinhar-se algo do passado? Nenhuma das duas modalidades da adivinhação (= PSI – Gamma, PG) depende do “espírito” do morto, além do absurdo e contradição de atribuir à “reencarnação” (?) o conhecimento do futuro!
Mais aspectos nas “assombrações” — Ao problema do tempo na atividade psíquica durante a morte aparente ainda acresce que os fenômenos podem ser ações dos próprios vivos, tanto de adivinhação como toda classe de projeções simbolizando a adivinhação: fantasma (ou ao menos simples projeção visual), tiptologia, telecinesia, fotogênese, aporte, pirogênese, etc., etc., a menos de 50 metros. Nem todos esses efeitos causados pelos vivos têm por causa ou objeto os desejos ou pensamentos do inconsciente daqueles que no artigo anterior optamos por chamar morrentes.
Mais ainda, entre o momento da morte clínica e o momento dos efeitos pode haver variedade de tempos. Podem muito bem os vivos, sobreviventes, manifestar efeitos mais ou menos retardados de conhecimentos captados anteriormente sobre o morrente. Podem ser também manifestações dos vivos por conhecimento agora adivinhando o passado: Retrocognição (RC). Psi-Gamma (PG) prescinde do tempo.
Por quanto tempo depois da morte? — Sem esquecer esta complexidade, indaguemos: “Por quanto tempo o morrente pode ser considerado agente?”
Nos inúmeros casos de adivinhação espontânea, como também em toda classe de ” “assombrações”” recolhidas pelos parapsicólogos já desde o início da pesquisa, é incontestável que os casos relacionados com a morte são com muito os mais freqüentes.
A “Escola Norte-americana”, que o CLAP por desdém chama “micro-parapsicologia”, deixou de lado a casuística e a observação qualitativa, e se concentrou nas experiências de laboratório. Evidentemente estes fenômenos -e tantos outros!- são inibidos quando os agentes ficam prensados e engaiolados nas frias quatro paredes de um laboratório na experimentação quantitativa.
A casuística e observações qualitativas são imprescindíveis! As coleções de casos espontâneos e a observação qualitativa são abundantíssimas e fecundas para conclusões de grande valor científico.
Na curva de freqüência das manifestações dos morrentes, o ponto máximo é alcançado cinco horas depois da morte clínica. Depois a freqüência decresce rapidamente. Doze horas depois da morte clínica, muitas aparições de fantasmas (e outras manifestações) sem dúvida podem ser ainda “fantasmas de vivos”, segundo o amplo estudo dos fundadores da SPR (Sociedade de Pesquisas Parapsicológicas) de Londres.
*** Camille Flammarion, na análise de “milhares e milhares de relatos”, conclui com pouca precisão e excesso de mentalidade espírita:
“As aparições e manifestações são relativamente freqüentes nas horas que se seguem
imediatamente à transição (o correto seria dizer morte clínica). Seu número diminui à medida que dela se afasta, e atenua-se de dia para dia. As almas separadas dos corpos (disparate!) conservam por muito tempo sua mentalidade terrestre”.
&& Deve-se corrigir. Na realidade as almas nunca estão nem podem estar sem seu corpo: aos poucos vão deixando um corpo corruptível e animando um corpo incorruptível, vão ressuscitando para a eternidade. “A mentalidade terrestre” é conservada por algum tempo, tanto e na medida em que tiver mais do morrente do que do ressuscitante.
*** Frederico Myers é bem mais preciso, mas haveria que copiar longos trechos para entendê-lo exatamente diferenciando o que é atribuível ao morrente e o que é do vivo:
“Se pudéssemos traçar uma curva que expressasse o número relativo das aparições antes e depois da morte, veríamos que este número aumenta rapidamente durante as horas que precedem, para diminuir gradualmente durante as primeiras horas e os primeiros dias que se seguem à morte. Depois do primeiro ano, as aparições são totalmente raras e excepcionais”.
“Aparições antes” da morte: aparece como morto antes de morrer.
E o número destas aparições “aumenta rapidamente durante as horas que precedem” à morte. Claro, são comunicações telepáticas do vivo anunciando a proximidade da sua morte.
Do número mais alto passa a “diminuir gradativamente durante as primeiras horas” após a morte. Claro, Sugestão Telepática, o desejo de comunicar a noticia, a atividade do morrente vai diminuindo gradativamente.
E quando mais ressuscitante do que morrente (após oito dias), e quando plenamente ressuscitado, nada sobre eles pode captar deles a adivinhação dos vivos.
“Depois do primeiro ano, são totalmente raras e excepcionais”: Claro, o fator emotivo nos vivos, vai diminuindo e por isso diminuem também as manifestações exclusivamente dos próprios vivos.
Situações que se prestam a disquisições — Há, por outra parte, situações especiais, por exemplo de letargo, coma profundo, congelamento…, nestes casos, depois de um ano, de cinco anos, de muitos anos… a atividade está suspensa, embora o paciente não morreu…
Durante todo o longo decurso dessa morte aparente, nesse estado de suspensão da atividade corporal, também a vida psíquica inconsciente está em plena suspensão? Ou no mais alto da vida espiritual há suficiente independência para desenvolver alguma atividade psíquica? Consciente? Ao menos inconsciente? Se forem reanimados, terão sempre e plenamente, todos, passado por um total vazio mental? Ou poderão lembrar alguma coisa? O espírito pode ficar completamente inativo por causa da sua relativa e extrínseca dependência do corpo?
Descoberta nada menos que de Thurston — Tenho profunda admiração por Herbert Thurston. Este jesuíta inglês, grande parapsicólogo, foi considerado pelo diretor dos famosos historiadores chamados “bolandistas”, Pe. Delehaye, como o homem que em todo o mundo melhor conhecia os milagres, assim como os prodígios parapsicológicos de todas as religiões e de todos os povos, todas as questões com eles relacionadas e os métodos mais seguros de crítica.
Tenho certeza de que ninguém como o bolandista Pe. Thurston soube unir e comparar ciência e religião. O Pe. Thurston, membro também da SPR de Londres, pesquisou ininterruptamente durante sessenta anos. Com todo seu conhecimento histórico, teológico e parapsicológico, adiantou-se imensamente aos conhecimentos da sua época (morreu em 30 de novembro de 1939, com 83 anos; no dia de sua morte foi publicado mais um artigo dele), sofreu muito porque alguns teólogos (católicos e protestantes) não compreendiam que os “fatos misteriosos” não podem ser analisados só de um lado, isso é miopia…
Thurston, em primeiro lugar, opunha-se aos teólogos que consideravam demoníacos ou de “almas” do inferno etc. certos fenômenos do espiritismo, das chamadas casas mal assombradas e de outros ambientes. E admitia, em segundo lugar, que alguns fenômenos se devem mesmo aos morrentes que dizem ser seus autores. Não no sentido espírita, mas durante a morte aparente. Escreve:
“Em alguns casos excepcionais e raríssimos, talvez por causas físicas a nós desconhecidas, poderiam permanecer ligados à terra inclusive por anos, em espera da definitiva liberação (deste mundo), única que lhes permitirá apresentar-se ao Juízo de Deus. E pode-se admitir que justamente durante este intervalo estariam em condições de manifestar-se aos vivos como aparições de fantasmas (os vivos captariam seus pensamentos e os projetariam: Projeção de PG), e igualmente em certas condições, comunicar-se com temperamentos singularmente sensíveis a tais influências” (Isto é, mais uma vez, os vivos captariam seus desejos: na ST o papel primordial é do percipiente, como é sabido).
Uma lenda siciliana… e doutrina espírita! — Um pouco da descoberta de Thurston, embora “adornada” absurdamente, subjaze no fundo de uma lenda secular siciliana:
As almas dos condenados à morte (melhor seria dizer simplesmente “os condenados à morte”, não “almas”, como se elas pudessem estar sem corpo), concretamente dos judeus e das “bruxas” na época da Inquisição, das vítimas de acidentes, dos mortos nos hospitais quando falha uma operação cirúrgica etc. ficariam por algum tempo onde foram enterrados. As almas (?) das vítimas de assassinato vagueiam no lugar onde caíram. Todos esses espíritos (?) de mortos prematuros ficam na terra lamentando-se durante todo (?) o tempo que lhes restaria de vida. Igualmente as dos suicidas antes de se precipitarem no inferno” (?).
***A lenda pareceria achar confirmação na tese do Pe. Thurston.
Mas trata-se de coisas totalmente diferentes. O sábio parapsicólogo inglês refere-se a quaisquer “causas físicas talvez por nós desconhecidas””, logicamente aquelas que conservam a vida das células. Portanto estão vivas. Animadas pela única alma que temos…
*** Os mantenedores da lenda siciliana atrevem-se a determinar com exatidão o tempo de duração da morte aparente: até esgotar-se “todo o tempo que lhes restaria de vida” .
Os mantenedores da lenda pensam em “espíritos” de realmente mortos, “espíritos” que continuariam na terra como castigo imposto por Deus aos hereges, bruxas etc. E até condenam os suicidas ao inferno!
Tudo errado. Enquanto que o Pe. Thurston refere-se exclusivamente aos morrentes, antes da libertação plena do corpo mortal que lhes permitirá com corpo glorioso “apresentar-se ao Juízo de Deus”, cuja sentença o sábio jesuíta não se atreve, logicamente, a usurpar nem suspeitar.
*** Na lenda, tal situação naquelas pessoa é comum, sempre.
Para o Pe. Thurston essas “causas físicas” e a conseqüente aparência de morte tão prolongada são “casos excepcionais e raríssimos”.
(Não ignoro que La Civiltà Cattolica impugnou esta, e outras teses do grande sábio Pe. Thurston. Não julgo conveniente deter-me em refutar, por minha vez, o articulista de La Civiltà Cattólica, porque apesar da boa acolhida que tiveram no seu tempo, na realidade seus artigos são fracos, o autor é excessivamente tradicional no pior sentido do termo, fechado à colaboração da ciência para melhor compreensão e colocar base racional para aceitação da doutrina católica e refutação das doutrinas falsas, e inclusive deturpa ou não entendeu o pensamento do Pe. Thurston).
“Comunicação” da morte — Na Sugestão Telepática (ST) não se trata de ação de alguém que quer comunicar sua morte. Na ST a telebulia (o desejo de comunicação) do moribundo é mero objeto da adivinhação do percipiente. O mal chamado agente telepático, na realidade é objeto da adivinhação telepática do percipiente. Como na percepção normal, o mérito da visão, da audição… é do percipiente; o que é visto, ouvido…, não passa de objeto externo.
Poder-se-iam citar milhares de casos, de todas as épocas. A ST dos moribundos é exacerbada porque o inconsciente (freqüentemente passando também ao consciente) tem a espantosa faculdade de prever o momento exato da morte clínica. A correspondente atitude de aceitação da decathesis (= estado final da agonia) é um indício revelador para os médicos, mesmo quando até esse momento não tenham observado qualquer indício certo do fim.
Esse conhecimento que o moribundo tem da sua morte, equivale a uma telebulia implícita: evidentemente esse conhecimento vai acompanhado do desejo de comunicar a morte aos seres queridos ausentes. Nos assassinatos, nos acidentes etc., a brutalidade da irrupção da morte aumenta pela emotividade essa telebulia do morrente com relação especialmente aos parentes e amigos ou pessoas por algum motivo interessadas.
Casos célebres. Um de Petrarca — Francesco Petrarca, por exemplo, refere que estando em Verona na madrugada de 6 de abril de 1348, meio dormindo, vislumbrou o rosto de sua amiga Laura de Novis, esposa de V. de Sade. Preocupado, não conseguiu desvincular a visão da sensação da morte da amiga. Um mês mais tarde, chegou a confirmação daquela “assombração”: soube que no mesmo dia e quase no mesmo instante da visão do rosto, Laura de Novis morrera vítima da peste que assolara Avinhão.
Outro de Petrarca — Este mesmo grande poeta italiano também refere a visão que teve do seu grande amigo e bispo Lombez. Petrarca sabia que D. Lombez estava doente havia longo tempo. Uma noite, viu que o bispo atravessava o jardim. Teve a sensação de que conversavam amenidades. Quando quis abraçá-lo como resposta ao gesto do bispo que pousara sua mão carinhosamente sobre o ombro de Petrarca, o poeta viu “a palidez da morte no seu rosto, e não senti nos meus braços senão um corpo frio e inanimado”. Espantado pelo terror deste sonho, Petraca saiu do transe e tomou nota da data. Vinte e cinco dias depois inteirou-se de que o bispo morrera na mesma noite da… “assombração”.
Catarina de Médicis — Agripa D´Aubigne, o grande poeta de Les Tragiques, refere como fato público e notório um transe e “assombração” de Catarina de Médicis. Na noite de 23 de dezembro de 1574, em Avinhão, junto à Rainha estavam o Rei de Navarra, o arcebispo de Lião, as damas de Retz, de Lignerolles e de Sauve e outras personalidades da corte. De repente, a Rainha deixou-se cair sobre os almofadões, pôs as mãos em pânico sobre o rosto e com gritos falou ao cardeal Charles, de Lorraine… O cardeal não estava lá! Comprovou-se que o cardeal morrera no momento do transe, visão e gritos de Catarina de Médicis.
Dois marqueses — Em uma manhã, o marquês De Precy, acordando, viu ao lado da cama o fantasma do seu querido amigo marquês de Rambouillet, que naquele momento deveria estar na guerra de Flandres junto ao rei Luís XIV. De Precy soube depois que precisamente naquela manhã haviam matado seu amigo.
Uma atriz — J. Mac Graw, célebre atriz norte-americana, representava em Londres como protagonista de um drama. Improvisamente interrompeu a apresentação, empalideceu e caiu desmaiada. Quando recuperada, no camarim, explicou que vira um palácio em Nova Iorque e seu marido caindo da janela do quarto andar. Com efeito, no dia seguinte chegou um telegrama comunicando o mortal acidente do marido. Entre os espectadores da atriz em Londres estava Guilherme Marconi. O famoso inventor costumava referir-se a esta “assombração” como “um caso de televisão natural”.
&& Sabendo-se quão longe está a morte real da morte clínica -e mais longe nos crimes, acidentes, suicídios etc.-, é ridículo atribuir essas adivinhações aos “espíritos desencarnados” que viriam comunicar-se do “outro mundo”: nem haveriam ainda chegado lá…
Os casos mais célebres da história — Certamente são os evangélicos:
*** S. José adivinhou a morte de Herodes, depois da qual desapareceria o perigo de morte eminente para Jesus (Mt 1,19ss.).
É contraditório atribuir o solícito aviso ao próprio espírito “pouco desenvolvido” de Herodes morto, como interpretam os espíritas!
Por outro lado, não se deve explicar sobrenaturalmente, como milagres, o que pode ser muito bem explicado naturalmente. Os milagres, SN, são muitíssimo superiores as faculdades humanas ou forças naturais. Adivinhação, PG, de São José. Providencial, sim: Deus se serviu dessa faculdade natural, parapsicológica. Se fosse revelação divina (do Anjo de Deus), não seria tão incompleta a ponto de deixar de avisar que o filho de Herodes, Arquelau, constituía o mesmo perigo.
*** O sonho da mulher de Pilatos: “Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher lhe mandou dizer: `Não te envolvas com este justo, porque muito sofri hoje em sonhos por causa dele´” (Mt 27,19).
As mesmas considerações: Foi por Pcg natural que conheceu a morte de Jesus e, sem que saibamos com quanta precisão, adivinhou também a tragédia vindoura, essa tragédia que Cristo anunciará pouco depois com aquelas palavras: “Virão dias em que se dirá (…) às montanhas ‘caí sobre nós!’ (…), porque se assim se trata o Lenho Verde, o que acontecerá com o que está seco?” (Lc 23,29s).
O fator emotividade — A freqüência de comunicações de morte deve-se simplesmente a que a maior emotividade da morte rompe mais facilmente a porta de passagem do inconsciente para o consciente. Mais emotividade no morrente. Mais emotividade no adivinho que capta a triste notícia da morte de um ser querido.
Entre muitas estatísticas cito a dirigida pelo Dr. Hans Bender no seu Instituto de Parapsicologia da Universidade de Friburgo na Brisgóvia (Alemanha). Sobre mais de mil casos recolhidos por aqueles pesquisadores, só 6% referem-se à adivinhação de temas pouco emotivos. Já 18% referem-se à adivinhação onde existe amizade profunda ou amor. Adivinhações de conteúdo bem mais emotivo, acontecimentos de perigo de morte, acidente grave embora sem morte etc., de um ser querido, alcançam 27%. E o recorde é atingido pela adivinhação de morte (clínica) de alguma pessoa amada: 43%.
Centenas de vezes, em cursos realizados para o grande público, comprovei entre os assistentes que suas experiências pessoais correspondem exatamente a esses resultados estatísticos obtidos em tantos inquéritos e coletâneas de casos espontâneos.
Dou sempre um passo além na estatística. Entre os casos de adivinhação comprovo com o público que os casos mais numerosos são adivinhações do futuro: capta-se a mensagem antes de que seja “lançada”; conhece-se a morte ou acidente do ser querido, antes que aconteça. A Pcg (Precognição) em igualdade de emotividade do objeto é de mais freqüente manifestação porque em si é mais emotiva. A Pcg é mais freqüente que a SC (Simul-Cognição) e a RC (Retro-Cognição) juntas. Isto é, os “mortos” são vistos pelos vivos e surgem “assombrações”… antes de morrerem!
*** Na Pcg a respeito da morte há, além do mais, um desejo implícito ou interpretativo, psicológico, de avisar, de tentar evitar.
Desejo inútil. Conhece-se fora do tempo a realidade. Se fosse evitado esse fato, não haveria sido verdadeiro conhecimento, fora do tempo, dessa realidade…
*** Acidentes: como o caso daquela senhora de São Paulo que “vê” o acidente e morte do marido dois meses antes que acontecesse.
*** Mortes: como o caso do Dr. Savelli que ouve com 24 horas de antecedência os gritos de desespero de uma mãe pela morte do filho, então ambos ainda desconhecidos pelo médico.
*** Tragédias com mortes coletivas: como o naufrágio do Titanic, e nos terremotos de Alip
e Antioquia.
Etc., etc.
As precognições de morte arrasam até com a mera hipótese de atribuí-las aos “desencarnados” (?!) antes de morrerem… E, por outra parte, explicam as “comunicações” e ” “assombrações”” com referência a mortes já acontecidas: se ha conhecimento do futuro, nada deveria estranhar o conhecimento do passado.
E, ainda, poderia ser simulcognição com manifestação retardada…
E por procuração — Há também as “comunicações” de morte por intermediário. O chamado “comportamento em L” ou “a Três”, isto é, alguém capta na mente de outra pessoa o que esta sabe a respeito da morte de uma terceira. Entre muitos casos:
*** O caso do Pe. Dontaz que só na terceira alucinação “vê” o telegrama do pai comunicando morte da irmã.
*** O Dr. Mitchell que “vê” e “conversa” com a menina morta porque a ausência da menina era o que lamentava a mãe doente precisando de auxílio.
Etc., etc.
Pcg “Em L” — E pode ser conjuntamente Pcg e “Em L”…
*** Como o caso da Condessa Toutskoff que ouve e vê o mensageiro trazendo a notícia da morte do marido, fatos que só acontecerão meses depois.
Etc., etc.
Tudo junto — Morte aparente, ST, Pcg, RC, SC, “Em L”. Cada uma dessas explicações basta e pode haver casos em que todas conjuntamente estejam “gritando” para fazer completamente ridícula a interpretação espírita. Por exemplo entre muitos:
O Sr. Stores, de Edimburgo, quase esgotado senta-se para descansar sobre os trilhos do trem. O luar iluminava o terreno ao lado, uma ribanceira. Cochilou…
A quilômetros de distância, em Hobar Town, na Tasmânia, sua irmã gêmea teve um sonho
estranho, numa série de imagens que se sucediam. Viu o irmão sentado na parte alta de uma ribanceira iluminada pela lua
PC.
De repente o irmão ergue os braços gritando espavorido: “O trem! O trem!”.
ST.
Depois ela sonha que uma massa escura e enorme apitando esbarra contra o irmão e este
cai inerte.
Morte aparente, embora a irmã não tenha percebido que se tratava de morte.
Depois sonhou com o interior de um compartimento de vagão rodoviário onde um senhor, em gesto de desespero, oprime a cabeça com as mãos. Ela pensou que era seu irmão. Na realidade o Reverendo Johnston pensava como comunicar aquela morte trágica. A Sra. Storie ouviu uma voz lhe dizendo que seu irmão acabava de morrer Comportamento Em L.
*** Camille Flammarion, depois de abandonar o Espiritismo, atribui a mensagem ao conhecimento paranormal que o inconsciente do jovem tinha (por Pcg) da sua morte próxima.
Não é provável, mas se assim fosse, teríamos então também Pcg.
O papel do percipiente — Outro aspecto importante, antes simplesmente aludido: não há agente no conhecimento parapsicológico. Só nos efeitos para-físicos. Um exemplo esclarecedor, como sempre entre muitos:
A viúva de um comerciante de Bristol (Inglaterra) conversava tranqüilamente com o pastor da paróquia, numa esplêndida tarde, de outono. De repente, irrompe no jardim um cabriolé levando três pessoas. O homem que estava sentado no banco traseiro pôs-se de pé e acenou efusivamente para a viúva.
A viúva reconheceu imediatamente no cabriolé o seu único filho, que então deveria estar
servindo ao exército na Índia… E desapareceram o filho, os dois homens que estavam no banco da frente, o cavalo, a carruagem…
Semanas depois, por comunicação do Ministério da Guerra, soube que seu filho morrera
naquele mesmo dia daquela ampla “assombração”.
*** Interpretação teosófica. Escreve Leadbeater:
“A interpretação mais viável (?!) é a de que, ao ficar mortalmente ferido, ele pensasse estar sendo recolhido por dois homens para ser levado à sua casa naquele veículo, embora fosse necessária muita energia para a materialização de tal pensamento, pois foi visto por duas pessoas ao mesmo tempo”.
Na realidade uma alucinação coletiva de só duas ou até umas cinco pessoas é contágio psíquico comum. Absolutamente descabia a “materialização” ectoplasmática de toda aquela “assombração”. Em todo caso o leitor sabe que a mínima objetivação que fosse, seria projeção da mãe, não do morrente àquela distância. Não há fenômenos para-físicos a mais de 50m de distância, nem para o passado nem para o futuro. Só em casos SN.
*** Interpretação espírita. A proposta pelo tão estimado pelos espíritas Ernesto Bozzano, antes de logicamente abandonar o Espiritismo. No momento da morte, o “espírito desencarnado” teria vindo comunicar a notícia… “Estes fatos -diz- não podem ser explicados por hipóteses naturalistas”. Considera estes casos o melhor argumento a favor do espiritismo.
Ora, o ferido nem sequer está morto. E seria necessária força demais para plasmar, por mais levemente que fosse, cabriolé, cavalo, três pessoas… E mais difícil ainda, se coubesse!, para um “desencarnado”. E acudindo ao “perispírito” do “desencarnado”, teria de acudir também ao “perispírito” das outras duas pessoas vivas… e ao do cavalo (!) e ao da carruagem (!!)… Quanto acúmulo de sandices na interpretação espírita!
O papel é exclusivo do percipiente: A mãe. Projeção de PG. Basta a projeção alucinatória.
Fantasma do vivo ou fantasma do morto tem a mesma explicação:
projeção do inconsciente do vidente.
Os cinco fatores são contra — Bozzano dava a máxima importância aos acontecimentos físicos no momento da morte. Reúne, por exemplo, cinco casos em que os relógios param congelando a hora do último suspiro de alguém.
Na realidade
1º) Os efeitos parafísicos como tais são sempre dos vivos, e a menos de cinqüenta metros…
2º) O relógio parar -e semelhantes efeitos- são simbolismo típico na mentalidade dos vivos. Não é simbolismo para os mortos, não é parar, ao contrario para eles começa a vida sem fim…
3º) Nada nesses casos pode ser atribuído aos “espíritos” dos mortos, porque simplesmente não se trata de mortos, senão de morrentes que estão iniciando o lento processo do morrer…
4º) Como estamos agora lembrando, “o papel primordial é do percipiente”.
Os quatro aspectos externos dos fenômenos parafísicos no momento da morte (clínica) constituem, juntos, argumento irrefutável contra a absurda hipótese espírita.
5º) Um quinto argumento acrescenta-se com freqüência: a análise interna facilmente mostra a vinculação de todo o conjunto ao percipiente.
Por exemplo no simbolismo, também típico, do quadro que cai quando morre a pessoa nele
representada. Bozzano dedica uma parte de uma monografia a esses casos que ele, naquele então convencidíssimo, considera irredutíveis a favor do espiritismo.
Evidentemente, não é casualidade, tanto mais que freqüentemente nestes casos não foi arrancado o prego da parede nem rebentou o barbante que suspendia o quadro.
Evidentemente, não se trata de vibrações, terremotos ou outras forças meramente físicas: é fenômeno parafísico e há uma intencionalidade. Por que cai precisamente o quadro com a fotografia do morto, e não outro objeto qualquer menos significativo?
Evidentemente, nestes aspectos periféricos, dou razão a Bozzano. Mas o problema central é outro, e aí Bozzano mostra-se totalmente apriorístico. Tudo está contra o absurdo espiritismo, os cinco argumentos conjuntamente, e não há outros aspectos a considerar. Reflitamos sobre um caso concreto, entre tantos semelhantes.
A Sra. Costa, do Rio de Janeiro, uma tarde estava falando do seu filho Antoninho, então no
Paraguai. Queria dizer “quando Toninho nasceu”. Mas teve um lapso e disse “quando Toninho morreu”. Ficou impressionadíssima.
Não porque soubesse do significado que Freud e os psicólogos atribuem a certos lapsos, mas antes porque, muito supersticiosa -novidade no Brasil!-, considerou o erro de muito “mau augúrio”. Os amigos esforçaram-se inutilmente -alguns sem muito convencimento sendo também muito supersticiosos,- para convencê-la de que aquilo poderia ser um erro banal. A senhora sentiu-se mal. Foi ao quarto do filho… E ficou então apavorada: o quadro com a fotografia do oficial do Exército brasileiro Antonio Costa caíra ao chão, apesar de intactos os dois pregos da parede e o sólido barbante. Pouco depois chegava o telegrama noticiando a morte de Toninho.
Fenômeno parafísico, simbolismo, morte clínica, e o papel primordial do percipiente confirmam-se pela análise interna: o inconsciente da mãe adivinhando por PG a morte clínica do filho, ou captando a ST de quem escrevia o telegrama, projeta-se primeiro no lapso, depois no sentir-se mal, no sentimento de pavor, e por fim ou concomitantemente por telecinesia sobre o quadro, a menos de 50m. Tudo se encaixa na típica Projeção de PG. Antes que de fato chegasse a notícia pelo telegrama.
Mais um caso no Brasil — Entre tantos…:
Foi no lugarejo chamado Rio Charlah, em José Boiteaux – SC. O homem foi embora com
outra mulher “sem dar a mínima” para o desespero da esposa e dos filhos. Dias depois foi encontrado no rio o cadáver da esposa. Todos tinham certeza de que fora um acidente. Enterro. Parecia tudo esquecido.
Uma filha, professora, quando foi à Igreja para os funerais, sentia-se mal e começava a fazer esquisitices. Quando voltava a si, nada lembrava. O fenômeno passou a repetir-se também fora da Igreja, em qualquer parte, com mais e mais freqüência. Foi considerada e tratada como endemoninhada (?!). De nada adiantaram os exorcismos e benções do monsenhor do lugar. Também de nada adiantaram os calmantes do médico. Nas crises, ela ameaçava matar-se. Estava obcecada pela idéia de que tinha de morrer. Assim passou mais de uma semana.
Levaram-na então para um lugar no campo, quieto e ameno, na casa de parentes. Nos dois ou três primeiros dias, tinha-se a impressão de que a professora tinha sarado, mas discretamente continuaram a vigiá-la…
De repente, a crise voltou com uma violência inusitada. Estavam num morro. Duas moças
correndo atrás da “endemoninhada” gritavam por socorro. Entre três conseguiram alcançá-la e dominá-la. Levaram-na para casa. Quando a puseram na cama, estava já como sem sentidos.
Chegou também o noivo, e tentou pôr um Crucifixo nas mãos da noiva… que “acordou”
imediatamente repelindo o Crucifixo com fúria. O noivo insistiu energicamente: “Se há alguma coisa em ti, fala agora”. Com espanto de todos ouviu-se pelos lábios da moça a voz da falecida mãe: “E você vai resistir? Você resiste?”, e foi contando com vivas cores que ela não sofrera um acidente, mas que se suicidara pelos muitos desgostos que sofrera do marido infiel. Pediu para irem a um cemitério onde, em tal lugar, encontrariam fotografias do marido e outros objetos de macumba. Pediu para jogar tudo no mesmo lugar do rio onde ela se jogara…
Etc. Falou muito. Respondia a tudo o que lhe perguntavam. Exatamente com a voz da
falecida ( = ecolalia).
Quiseram chamar o ex-marido. A voz garantiu que ele não queria vir, mas que em meia hora ele chegaria, “eu o forço a vir”. E com efeito, o ex-marido chegou. A voz disse-lhe mil coisas. “Deixa essa outra… e cuida dos teus filhos!”
E garantiu que a agora sim ia morrer…
… Quem? A professora? A mãe “suicida”?
Espantados, os presentes não sabiam o que fazer. Então a voz pediu uma vela. Agarrando-se devotamente à vela, a professora entrou em agonia… Todos ficaram certos de que a professora morrera, mas pouco depois voltou a si, normal, sem lembrar de nada do que acontecera, assustada por ver tanta gente ao seu redor. Desde então não teve mais crises.
Um mínimo de reflexão e análise:
O ex-marido garantiu que veio normalmente visitar a família, tendo ouvido o que ocorrera com a filha. Não era verdade que ele não quisesse vir ou que se sentisse obrigado por alguma força misteriosa…
E continuou “com a outra” e sossegado com os filhos já adultos.
Todo o conjunto, então, por que haveria de ser algo mais do que um simples fenômeno PG da professora?
Nem há argumento válido de que a senhora se suicidara. É claro que nenhuma lógica pode-se pedir a um suicida (o suicídio é um ataque de loucura; nunca, porém, se encontrara nela tendência à psicose), mas não tem lógica que, preocupada com a educação dos filhos, fosse precisamente abandoná-los também ela.
Morrer jogando-se a um rio é difícil… Cair num rio por baixa súbita de pressão e desmaio e ser encontrada morta é bem possível, e foi assim que o médico e a justiça julgaram.
À luz da tanatologia certamente uma afogada não chega à morte real, à morte completa, em pouco mais de uma semana. Não pode ser, portanto, comunicação de um “espírito” do além…
Parece mais lógico que o comportamento “espírita” fosse trauma e elucubrações inconscientes da sensível e jovem professora. Até pode ser que adivinhasse que a mãe ainda estava morrendo, que era uma morrente. Assim pode explicar-se sua obsessão pela morte.
É absurdo pensar que os sintomas -corporais!- do morrer e da morte da mãe sejam trasladados pelo “espírito” para o corpo da filha. Que o inconsciente da filha atue sobre o próprio organismo é a resposta, porque comportamento lógico e corriqueiro.
Não tem sentido que a mãe precisasse uma vela para poder morrer. Pode-se aceitar como um símbolo, típico dos vivos, para o inconsciente da professora expressar o momento final da morte real da mãe.
Confirmação nos animais — Os numerosíssimos casos em que se adivinha a morte de animais confirma a importância do papel do percipiente e rejeita, aos gritos, a tola hipótese espírita. A visão da morte de animais explica por analogia como devidos também ao percipiente os casos em que se adivinha a morte de alguma pessoa. Só por crassa ignorância filosófica e científica pode alguém pensar que os espíritos (!?) desencarnados (!?) de animais são agentes, que são eles que vêm comunicar sua morte aos seus seres queridos. Lamentavelmente esta sandice que considera os animais dotados de espírito (1?) é muito difundida entre espíritas e reencarnacionistas…
Nada há de estranho em que o Sr. Lucien Landau, de Londres, tenha acordado sobressaltado nas primeiras horas da manhã de 6 de dezembro de 1955, e visto o fantasma da Sra. Antoniadès. Na véspera, durante o jantar, o Sr. Constantin Antoniadès, de Genebra, falara das circunstâncias trágicas da morte da querida esposa a seu hóspede Sr. Landau.
Isto excita as adivinhações inconscientes. Landau, além disso, estava dormindo na cama que fora da defunta. Psicometria: a cama é uma espécie de pergunta implícita ao inconsciente a respeito do que este adivinha relacionado com a cama.
O destacável é que junto ao fantasma da falecida tenha visto nitidamente o fantasma de um grande cachorro pastor alemão. A descrição que Landau fez da aparência física da mulher e do seu cachorro de estimação correspondiam perfeitamente à realidade, apesar de Landau nunca ter visto a senhora e nem saber que existia o tal cachorro. Só na tarde seguinte vieram a saber que “Fantoum” -tal era o nome do cachorro- tivera de ser sacrificado no canil, uns dias antes, por estar excessivamente agressivo.
Em 14 de janeiro de 1966, o parapsicólogo Andrew Mackenzie entrevistou em Londres os
Srs. Landau e Antoniadès para confirmar todos os detalhes.
Considerar como agente o “espírito” da defunta implicaria o absurdo de considerar também agente o “espírito” do cachorro!!
*** O caso é recolhido por dois espíritas: o episódio do cachorro “reforça a explicação espírita”, dizem.
Teria aparecido a roupa pelo perispírito da roupa?! E o perispírito do espírito desencarnado do cachorro?! Parafrenia.
Na realidade, por psicometria, Landau captou e projetou não só a fisionomia e o tipo de roupa que a morta usava em vida, mas também a morte e o aspecto do seu cachorro guarda-costas. Exclusiva ação do percipiente.
Só o cão! — Contra o subterfúgio ou disquisições fanáticas dos espíritas, de que o animal seria uma “criação” do pensamento do “espírito” do morto humano, podem-se citar casos em que aparecem só animais, sem a companhia de “espíritos” humanos.
Recolho casos selecionados precisamente por espíritas, dos mais prestigiados pelos seguidores do espiritismo, nada menos que Gabriel Delanne e Ernesto Bozzano:
Rider Haggard, o famoso romancista, dormia durante. Noite. 10 de julho. Sua esposa ouviu o marido gemer e emitir som como os ganidos de um cachorro ferido. Inquieta, acordou-o. O romancista contou que sonhava com Bob, velho cão de caça, debatendo-se terrivelmente contra a morte, entre os juncos de um lago.
A família estranhou muito que no dia seguinte, na hora do almoço, Bob não aparecesse.
Durante quatro dias procuraram e perguntaram pelo cachorro. Por fim foi encontrado morto, de fato flutuando entre os juncos de um lago. Tinha o crânio fendido e duas patas quebradas. Comprovou-se que o animal fora colhido pelo trem, na ponte que atravessava o lago, e arremessado exatamente ao ponto onde o encontraram. A morte foi instantânea, garantiu o veterinário. Na ponte, entre os trilhos, encontraram sangue e a coleira de Bob. A SPR de Londres autenticou os depoimentos das testemunhas. Calcularam que a morte precedera umas duas horas o sonho de Haggard.
Só o cavalo! — Caso selecionado por Delanne:
O Sr. Calthrop sonhou que seu cavalo se afogava. E assim estava acontecendo realmente
naquela noite.
*** Delanne acrescenta encomiasticamente: “Repito que existem muitos outros exemplos”, e remete o leitor a um trabalho de Bozzano.
&& Sentir-me-ia inclinado a louvar a honestidade destes próceres de espiritismo por não terem escamoteado estes casos de conhecimento de morte de animais, casos que arrasam a interpretação espírita.
*** Mas é que Bozzano e Delanne classificam estes casos como “ação telepática” (PG!, extra-sensorial!, espiritual!) do “espírito” (!?) dos animais sobre seus donos! Consideram os animais como agentes, “a ação telepática do animal (…), o pensamento (!?) do animal é a única explicação que se pode invocar no caso”…
…dizem no cúmulo da ignorância e fanatismo espírita. Evidentemente trata-se de adivinhação extra-sensorial exclusiva dos percipientes.
*** Com referência ao detalhe de o Sr. Haggard no seu sonho gemer e emitir sons como um cachorro ferido, Delanne acrescenta: “Tendo-se o fenômeno produzido durante o sonho, devem-se fazer algumas reservas (…), mas parece que houve, não só uma ação psíquica exercida pelo animal, como também uma espécie de possessão temporária”, possessão do corpo do Sr. Haggard pelo “espírito” (!?) do cachorro!
&& Sem necessidade de análise. A explicação espírita ë até imbecilidade demais… Pode ser também através do homem — “Comportamento em L”:
A Sra. Beaucamps acorda com o saltitar característico de Megatério, o cachorrinho de
estimação da sua filha. O cachorrinho dormia no quarto da menina. Logo em seguida, o marido acorda pelo mesmo motivo e confirma à esposa: “É Meg”. Na escuridão pensam que o cachorrinho entrou no quarto. Acendem uma vela, procuram, Meg não está lá, e a porta está bem fechada.
A Sra. Beauchamps afirma então com certeza que Meg acaba de morrer. E até teria descido ao quarto da filha, imediatamente, não fosse o frio intenso… Um instante depois bete na porta a filha que, angustiada, comunica que Megatério está morrendo. Todos descem as escadas apressadamente. Meg está como morto, deitado de costas, pernas rígidas. O Sr. Beauchampos age rapidamente, livrando o cachorrinho de morrer asfixiado pela correia de sua roupinha na qual, não se sabe como, conseguiu enrolar-se. Voltando a respirar, o cachorrinho logo se restabeleceu.
*** Delanne atribui o fato à ação do espírito!! do cachorro!! Enquanto o corpo de Meg agonizava, seu espírito (!) com o perispírito (!) teria ido saltitar (!) no quarto dos seus possíveis salvadores: “Penso que a hipótese do duplo do animal é a mais provável”, afirma.
Ridícula interpretação. Há várias explicações naturais: pode ser Projeção de PG dos donos, que tem por objeto a desesperada situação e angústia do animal. Com tiptologia por telergia. Pode ser a ST da filha, reclamando ajuda. Ou todas ou algumas dessas causas conjuntamente.
A interpretação espírita destroça e inverte a realidade. Enaltece o espiritismo e degrada o animismo. Conculcando a filosofia, espiritualiza o animal e desanima o homem. Inventa o “agente” animal e esquece o percipiente humano.
CONCLUSÃO
de todos os artigos “Para entender as assombrações”.
Os fenômenos de “assombração”, todos os fenômenos parapsicológicos de efeitos físicos, estão vinculados à presença de alguma pessoa viva, a menos de 50m de distância. Devem-se à transformação e exteriorização de uma energia física (telergia) do corpo dessa pessoa. A telergia é dirigida pela vontade inconsciente (psicobulia ) dessa mesma pessoa.
O escritor espírita Alexandre Aksakof reconhece que não se pode argumentar a favor do espiritismo a partir dos fenômenos de efeitos físicos. O próprio Allan Kardec, nas sessões de pesquisa todas as tardes na Sociedade Espírita de Paris (na rua de Sta. Ana, sob a proteção de S. Luís!!, dizem) não se realizava nenhuma experiência de efeitos físicos. Allan Kardec declarava não conceder nenhum valor em prol do espiritismo aos fenômenos de efeitos físicos.
Dedicarei, pois, próximos artigos a analisar os argumentos apresentados pelos espíritas dentro do aspecto exclusivamente intelectual.